Temos que deixar de ser nós em prol de uma beleza estabelecida?
Padrões de beleza. Há umas semanas fui a um evento onde estava gente muito mais nova do que eu. E, em conversa, percebi que, muitos deles, já tinham feito intervenções estéticas. Aliás, foi nessa conversa que descobri que modelos como a Bella Hadid – que muitas consideram perfeita – têm um rosto e corpo que há muito deixaram de ser delas: são fruto de uma ciência, cada vez mais avançada, que promete beleza e juventude eternas.
E, aqui é preciso frisar algo: não sou nada contra intervenções estéticas. Nunca fiz nenhuma mas, se amanhã me sentir mal com as rugas na testa e puder, não terei problema algum em colocar botox. Ou ácido hialurónico. Ou o que quer que seja que me faça sentir bem comigo. Mas isso, são situações pontuais. Como alguém que põe silicone por ter um peito que lhe arrasa a auto-estima, ou como quem faz uma rinoplastia porque quando se vê ao espelho não gosta do reflexo que lhe é devolvido.
Coisa diferente é, de repente, todos querermos ter feições harmónicas – e iguais – e sujeitarmo-nos a centenas de procedimentos que, no fim, só nos fazem ter a todas uma cara igual. Perfeita, talvez. Mas igual.
As mulheres mais bonitas do mundo – para mim a Gisele, a Linda Evagelista, a Naomi Campbell, a Carolyn Murphy (entre tantas outras) – não podiam ser mais diferentes entre si. Mas é essa diferença, os traços únicos, as próprias pequenas imperfeições, tão únicas, que fazem delas bonitas. E, nas mulheres que conhecemos, às vezes são precisamente as “imperfeições”, como os olhos demasiado afastados, ou uma boca grande que fazem delas bonitas.
E é aqui que me pergunto o que nos está a acontecer? Quando é que deixámos de preferir a beleza natural, a Gisele, a Naomi e os traços únicos, a uma cara formatada em que somos todas iguais, com o mesmo formato de rosto, o mesmo rabo e a mesma barriga?</p> <p>
E é aqui que me pergunto o que nos está a acontecer? Quando é que deixámos de preferir a beleza natural, a Gisele, a Naomi e os traços únicos, a uma cara formatada em que somos todas iguais, com o mesmo formato de rosto, o mesmo rabo e a mesma barriga?
Não há mal algum em queremos ser melhores. Mais bonitas. Em realçar o que gostamos e em disfarçar (ou até corrigir) o que odiamos. Mas daí até ficarmos descaracterizadas para encaixarmos num ideal de beleza que, convenhamos, pode estar desactualizado daqui a 10 anos, vai um passo muito grande. E, na minha opinião, é um preço demasiado alto a pagar por nada.
Por isso, antes de embarcarem nessas aventuras – sobretudo as mais novas – pensem em vocês. Naquilo que é único, nos traços que, ainda que imperfeitos, são naturalmente belos. No que vos faz diferentes. Não precisamos ser todas Kylies Jenners. Mas, se calhar, precisamos todas de ser mais autênticas. Mais nós. E ter orgulho nisso.
Porque no fim, quando o coração estiver cansado e a alma atropelada, o reflexo que vemos no espelho vai ser o que menos conta para sermos felizes.
Camisola: | Sfera |
Brincos: | Uterque |
Calças de ganga: | Levi’s |
Ténis: | Vans |
Gorro: | Women’s Secret |
Mala: | Chloé Mini Marcie |
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