Somos os outros para os outros!
Os outros. Escrevo este texto enquanto leio mais uma notícia da tragédia de Pedrógão Grande. Custa ver o inferno em que se transformou aquela zona do país. Custa pensar nas vidas que se perderam assim, num ápice. Custa perceber os contornos da nossa vulnerabilidade, o quão frágeis somos.
É claro que todos os dias há uma tragédia algures no mundo. Mas quando são os outros fica mais fácil, lamentar e seguir em frente. Só que quando são os nossos, toca-nos mais, dói mais. E, se há alguma coisa que podemos aprender com as tragédias é que hoje são os outros, amanhã somos nós.
Vamos vivendo a nossa vida, em paz, até que outra tragédia nos bata à porta. Até lá, contudo, não vale a pena pensar muito nisso. Um dia de cada vez.
Lembro-me de, em pequena, ter ido ao funeral da mãe de uma colega minha da escola que faleceu com cancro. Na altura tocou-me, claro, mas toda aquela tragédia, por que uma miúda de 12 anos teve que passar, parecia-me uma realidade distante. Mal sabia eu que, anos mais tarde, seria eu a passar por aquilo.
Na altura, ela era para mim os outros. Hoje, provavelmente, sou eu os outros de alguém.
O que estou a tentar dizer é que, por mais que uma tragédia não nos afecte directamente, devemos, ao menos, sensibilizar-nos para ela. Muitas vezes isso não muda nada, mas outras tantas uma palavra ou um gesto são o suficiente para mudar o dia de alguém que está a sofrer.
É claro que a vida continua. Continua sempre. Aos poucos cada um volta à sua rotina, as televisões deixam de dar importância e as tragédias vão caindo no esquecimento dos que não foram por elas afectados. Faz parte do tempo. E vamos vivendo a nossa vida, em paz, até que outra tragédia nos bata à porta. Até lá, contudo, não vale a pena pensar muito nisso. Um dia de cada vez.
Blusa: | Zara |
Saia: | Zara |
Brincos: | Mango |
Sapatos: | Stradivarius |
Mala: | Parfois |
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