Somos os nossos piores inimigos?
Vida. Enquanto deambulo pelo quarto, perdida em pensamentos, dou-me conta de como alguns deles são maus. E, até podiam ser acerca de outra pessoa. Da vizinha que é chata, da amiga que é sempre mais tudo, da colega de trabalho que é insuportável. Mas não. São pensamentos na primeira pessoa. Sobre mim.
É claro que, se fossem sobre outra pessoa, haveria ali um momento em que se daria o clique do chega porque não quero ser má, sabe-se lá que karma vou atrair com essas energias negativas. Mas por se tratar de mim, o devaneio quase que roça a autodestruição. Sem dó nem piedade. Onde está o karma para me fazer parar?
É incrível como conseguimos ser maus connosco próprios. Cobramos o que não fizemos e deveríamos ter feito, o que podíamos ter dito mas preferimos calar, as vezes em que tentámos e, por algum motivo, falhámos. Há sempre uma parte de nós que nos acha responsáveis por tudo. O que corre mal, claro está.
Vamos falhar. Uma e outra vez. Mas também vamos acertar. E, com sorte, transformar erros em acertos, fracassos em lições de vida.
Mas, se nos coibimos de pensar mal dos outros (porque não nos leva a lado nenhum) qual a razão para uma parte de nós insistir em levar-nos para o fundo? Somos sempre mais benevolentes com os outros. Provavelmente tem tudo a ver com a natureza do comportamento humano. Ou então é só porque a palavra “fracasso” se tornou assustadora numa sociedade cada vez mais perfeccionista.
A verdade, irremediável, é que vamos falhar. Uma e outra vez. Mas também vamos acertar. E, com sorte, transformar erros em acertos, fracassos em lições de vida. Por isso, temos que nos cobrar menos, isso da perfeição. Nem sempre o nosso máximo vai ser suficiente. Não faz mal. Porque há sempre vezes em que vai ser mais do que suficiente. E, para que isso aconteça, precisamos de nos ter como amigos, não como inimigos.
Por isso, hoje fecho a porta ao lado mau que há em mim. Visto as calças amarelas, os sapatos giros que moram no armário há anos, e deixo-me ir. Sem mágoas, ou pensamentos negativos. Afinal, num mundo cada vez mais individualista, quero encontrar em mim o abrigo de uma melhor amiga.
Casaco: | Zara |
Camisola: | Antiga |
Calças: | Zara |
Mala: | Zara |
Sapatos: | Eureka |
Brincos: | Zara |
Elisabete Pinto
Tão, tão bom! Que texto tão reflexivo sobre o quanto poderemos ser o nosso maior inimigo!
Vivo tantas vezes o dilema de não ser sempre boa em tudo (alguém o é?).
E como eu não conhecia o teu blog, pois não sei! Mas já o pus nos “favoritos” (não vi onde seguir)!
Excelente post! E o look está perfeito!
Beijinho.