Juízo de valor
Preto. Gosto de preto. Vejo nele refúgio da confusão garrida dos dias. A paz em forma de cor. O preto é o silêncio onde me abrigo, quando tudo parece estar em volume máximo. Confuso, fora de sítio. E há demasiado barulho, ultimamente.
Não sei qual terá sido o momento em que nos perdemos, enquanto sociedade. Está tudo demasiado contrastado e desordenado. Culpamos as redes sociais, a (des)informação que nos chega em catadupa, os outros. Mas nunca nos culpamos a nós, individualmente.
Todos temos uma opinião sobre tudo. Cozinhamos duas ou três ideias soltas, adicionamos generalizações e servimos juízos de valor como quem serve fast food. A toda a hora, porque o mundo não para, a televisão também não, e todos os dias há um assunto novo.
Todos temos uma opinião sobre tudo. Cozinhamos duas ou três ideias soltas, adicionamos generalizações e servimos juízos de valor como quem serve fast food.
Ninguém sabe muito sobre nada, mas defendemos opiniões com a certeza tola de quem nem se preocupou em pensar, afobado que estava com o assunto novo que roubou a cena. Perderam-se os ideais, as crenças. Condenamos por condenar, fazemos nossas convicções com as quais nem ponderámos concordar. O que interessa é ter algo a dizer.
O mundo está a girar demasiado rápido, ao som de um ruído estonteante. Magoamo-nos porque sim, julgamos o que nem conhecemos – presos que ficamos nas amarras do preconceito – e mascaramos os juízos de valor com opiniões, que refletem muito pouco do que pensamos.
É nessas alturas que faço do silêncio porto de abrigo e do preto refúgio. Porque, por mais que acredite que a chave da evolução é a partilha de ideias, ultimamente só encontro opiniões vazias.
Melhores dias virão, espero.
Camisa:
Mango
Saia:
Zara
Sapatos:
Aldo
Clutch:
Narciso Rodriguez
Colar:
Mango
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